03.05.2023
Principais características das transações de Risco Sacado
Entenda a operação na qual uma instituição antecipa o pagamento de faturas para que fornecedores recebam o valor antecipadamente

O Risco Sacado é uma modalidade de operação na qual uma instituição financeira - geralmente um banco - antecipa o pagamento de faturas emitidas por fornecedores para que esses recebam o valor antes do vencimento. Essa transação é também conhecida como reverse factoring ou antecipação de fornecedores.
Muitas vezes iniciada pelo comprador, essa operação possibilita a prolongação do prazo para pagar faturas, fator que pode ser benéfico para a gestão de fluxo de caixa. Por outro lado, o fornecedor pode receber o pagamento antecipadamente, reduzindo o prazo de recebimento e, muitas vezes, obtendo descontos financeiros.
Essa operação tem se tornado comum em muitas entidades, por possibilitar uma negociação de prazo com fornecedores para atender as demandas de fluxo de caixa do comprador. Os encargos financeiros da operação podem ser pagos tanto pelo comprador quanto pelo fornecedor. No caso do comprador, os encargos podem ser pagos diretamente ao banco ou embutidos no preço faturado. Já o fornecedor pode receber o pagamento com desconto financeiro do banco. O risco de crédito do comprador pode ser melhor que do fornecedor, o que pode possibilitar que os encargos da instituição financeira considere um menor risco de crédito.
No Accounting Journey, Marcio Rost - sócio na KPMG e especialista em normas contábeis – falou sobre as principais questões relacionadas a apresentação dessa operação nas demonstrações financeiras.
Confira as questões abordadas:
No balanço patrimonial, quando a operação representa um passivo que faz parte do capital de giro usado no ciclo operacional normal, muitas entidades apresentam os montantes relacionados a essa transação em fornecedores. Entretanto, quando o tamanho é relevante, ou a natureza ou função desses passivos é distinto dos demais fornecedores, uma apresentação separada no balanço patrimonial se torna relevante para o entendimento da posição financeira da entidade.
Na demonstração de fluxos de caixa, as entidades geralmente apresentam os fluxos da transação nas atividades operacionais, quando o passivo relacionado é um fornecedor a pagar ou faz parte do capital de giro utilizado nas principais atividades geradoras de receita da entidade. Entretanto, a apresentação em atividade de financiamento é mais adequada quando a operação decorre de um objetivo de alongamento de prazos de pagamento pelo comprador.
Divulgações sobre a natureza, montantes em aberto, encargos e garantias adicionais concedidas são essenciais nas notas explicativas para dar transparência aos leitores das demonstrações financeiras sobre a exposição da entidade a essa operação.
Muita atenção tem sido dada a apresentação e divulgação dessas transações nas demonstrações financeiras, e entidades reguladas devem ficar atentas a orientações emitidas por órgãos reguladores (como a a CVM, por exemplo) sobre o tema.
Em resumo, o Risco Sacado é uma modalidade financeira que permite a antecipação do pagamento de faturas e o alongamento do prazo de pagamento para o comprador. Essas operações envolvem riscos e custos financeiros que devem ser avaliados pelas empresas antes de serem implementadas, além da necessidade de transparência nas demonstrações financeiras da entidade.
Esse foi um dos temas apresentados no “Imersão Contábil”, treinamento que faz parte do #AccountingJourney23, nossa jornada de contabilidade com os hot topics deste universo. Saiba todos os detalhes dela aqui: https://kbs.kpmg.com.br/accounting-journey-2024/p