Quinta-feira, 05.11.2020
Networking virtual fica mais pragmático depois da pandemia
Profissionais buscam outras formas de se conectar com a ajuda de escolas e empresas.
Por Barbara Bigarelli — De São Paulo
“Você gostaria de se conectar com alguém?”. A pergunta foi feita a 25 executivos e alunos de um curso de governança e compliance da Risk University, da KPMG Brasil. Em setembro, a consultoria colocou em cena a figura do “consultor de networking”, responsável por intermediar novas conexões e agendar reuniões “one-on-one” em um ambiente de ensino que foi do presencial para 100% on-line na pandemia. Só o chat e as ferramentas da plataforma não estavam sendo suficientes para estimular o networking e substituir as interações espontâneas, que antes ocorriam nos intervalos das aulas, no café e nos almoços, diz Rafael Picccolo, sócio-diretor da KPMG. Dos 25 que receberam o convite, 15 realizaram encontros virtuais de networking.
Uma segunda turma ganhou esse serviço e, até agora, 50 alunos da Risk University aproveitaram - um público em geral formado por diretores, VPs e executivos seniores, matriculados em cursos com tíquete médio de R$ 10 mil (Risk University Senior level) a R$ 16 mil (Risk University Executive). “A pandemia dificultou o networking justamente pelo distanciamento social. Até então, o networking estava condicionado justamente a estar num ambiente físico em comum, onde se podia trocar experiências de trabalho de forma espontânea”, diz Mareska Tiveron, VP de Compliance, Risco e Regulatório na Zoop. Aluna da Risk University, ela diz que aproveitou o “consultor de networking” e agendou cinco reuniões on-line, de 30 minutos a uma hora de duração, com colegas de turma. Foi a primeira vez que fez networking ativo na pandemia. “Trocamos experiências úteis para minha área, inputs e foi bom ouvir como eles estavam tocando desafios em comuns à todas as empresas. Ver que, de certa forma, estamos fazendo parecido na nossa empresa”, disse Mareska.
A KPMG acredita que essa intermediação para gerar conexões no on-line pode ser um diferencial competitivo na educação executiva. Também analisa que, no ambiente digital, as reuniões de networking ficaram “mais objetivas e até mais formais”. “Todos foram muito preparados para a reunião, alguns fizeram até apresentação. Havia um objetivo claro no networking, diferente por exemplo, daquela conversa espontânea em um café que, um dia, pode virar um contato maior”, diz Piccolo. Repensar formatos para manter o networking ativo, diante do isolamento social, foi um desafio para empresas e executivos nos últimos meses. A empresa holandesa de TI TOpDesk viu que só promover lives e encontros não bastava. Para estimular conexões no ambiente virtual, investiu em eventos com salas virtuais para grupos específicos de profissionais, em uma experiência mais lúdica na plataforma e, em alguns casos, na entrega de algum brinde na casa do participante.
“Era preciso criar uma experiência que fosse além da possibilidade do chat ou do comentário no vídeo do YouTube para, de fato, promover networking”, disse Guilherme Morais, líder de marketing da TOPdesk. Com custo até 50% menor, atraíram 2000 mil em seu principal evento, versus 500 que esperavam no presencial. Em setembro, a empresa também participou de uma feira do setor, que simulou pavilhões on-line. “Como diretor comercial, sentia falta nos últimos meses de um networking mais ativo como canal de prospecção de clientes e negócios”, disse Caio Vicente, líder comercial da TOPdesk. Ele aprovou a experiência. “Trocou cartão” com 91 profissionais, sendo “cerca de 30 contatos bem qualificados”. Como ponto negativo, porém, Vicente diz que no virtual as conexões criadas tendem a ser menos profundas e mais rápidas.
Nilson Pereira, CEO do ManpowerGroup, concorda com essa percepção. É por essa razão que defende que, para ser efetivo, o networking on-line precisa ir além da “conexão em si”. “É importante dar sequência à interação. Eu, por exemplo, continuo a conversa trocando links de notícias e de temas que têm a ver com a interação inicial que tive com o outro profissional”. Pereira diz gastar 20% de seu tempo com networking que, nos últimos meses, ocorreu prioritariamente via palestras, eventos virtuais e grupos de WhatsApp. Para Graciema Bertoletti, diretora de novos negócios e parcerias da UnitedHealth Group, a pandemia “ampliou o significado de networking”. “Depois de alguns meses me adequando ao novo formato de trabalho, comecei a agendar reuniões on-line de 20 minutos com minha equipe, com colegas do MBA, com um grupo de mulheres conselheiras e contatei pessoas com as quais trabalhei. Foi uma forma de diminuirmos a sensação de isolamento, mas também de manter essa troca contínua de experiências”. Networking, em sua visão, é fundamental para crescer na carreira e “aprender com a trajetória de vida de outras pessoas”. Na pandemia, passou a equilibrar essas reuniões com as de trabalho, para evitar a sobrecarga de exposição à tela e encontros on-line. “Eu acho que a disciplina de fazer sempre, para arejar ideias, é mais fundamental do que a quantidade”, diz Graciema.
Com o modelo de trabalho híbrido que se desenha nas organizações e os rumos incertos da pandemia, executivos concordam que o networking digital continuará sendo relevante nos próximos meses. Entre os cuidados a serem tomados, eles destacam evitar usar um tom coloquial na troca de mensagens, ter em mente o propósito de se apresentar a alguém e ser objetivo. “Eu brinco que networking precisa ser interessante, e não interesseiro. O segredo de construir uma boa rede de contatos, e isso vale pro virtual, é estabelecer credibilidade e confiança. Não adianta procurar alguém só quando salas virtuais para grupos específicos de profissionais, em uma experiência mais lúdica na plataforma e, em alguns casos, na entrega de algum brinde na casa do participante.
“Era preciso criar uma experiência que fosse além da possibilidade do chat ou do comentário no vídeo do YouTube para, de fato, promover networking”, disse Guilherme Morais, líder de marketing da TOPdesk. Com custo até 50% menor, atraíram 2000 mil em seu principal evento, versus 500 que esperavam no presencial. Em setembro, a empresa também participou de uma feira do setor, que simulou pavilhões on-line. “Como diretor comercial, sentia falta nos últimos meses de um networking mais ativo como canal de prospecção de clientes e negócios”, disse Caio Vicente, líder comercial da TOPdesk. Ele aprovou a experiência. “Trocou cartão” com 91 profissionais, sendo “cerca de 30 contatos bem qualificados”. Como ponto negativo, porém, Vicente diz que no virtual as conexões criadas tendem a ser menos profundas e mais rápidas.
Nilson Pereira, CEO do ManpowerGroup, concorda com essa percepção. É por essa razão que defende que, para ser efetivo, o networking on-line precisa ir além da “conexão em si”. “É importante dar sequência à interação. Eu, por exemplo, continuo a conversa trocando links de notícias e de temas que têm a ver com a interação inicial que tive com o outro profissional”. Pereira diz gastar 20% de seu tempo com networking que, nos últimos meses, ocorreu prioritariamente via palestras, eventos virtuais e grupos de WhatsApp.
Para Graciema Bertoletti, diretora de novos negócios e parcerias da UnitedHealth Group, a pandemia “ampliou o significado de networking”. “Depois de alguns meses me adequando ao novo formato de trabalho, comecei a agendar reuniões on-line de 20 minutos com minha equipe, com colegas do MBA, com um grupo de mulheres conselheiras e contatei pessoas com as quais trabalhei. Foi uma forma de diminuirmos a sensação de isolamento, mas também de manter essa troca contínua de experiências”. Networking, em sua visão, é fundamental para crescer na carreira e “aprender com a trajetória de vida de outras pessoas”. Na pandemia, passou a equilibrar essas reuniões com as de trabalho, para evitar a sobrecarga de exposição à tela e encontros on-line. “Eu acho que a disciplina de fazer sempre, para arejar ideias, é mais fundamental do que a quantidade”, diz Graciema.
Com o modelo de trabalho híbrido que se desenha nas organizações e os rumos incertos da pandemia, executivos concordam que o networking digital continuará sendo relevante nos próximos meses. Entre os cuidados a serem tomados, eles destacam evitar usar um tom coloquial na troca de mensagens, ter em mente o propósito de se apresentar a alguém e ser objetivo. “Eu brinco que networking precisa ser interessante, e não interesseiro. O segredo de construir uma boa rede de contatos, e isso vale pro virtual, é estabelecer credibilidade e confiança. Não adianta procurar alguém só quando você precisa de um emprego. É uma relação que precisa deixar claro os benefícios da troca aos dois lados” diz Adriano Lima, fundador da AL+ People & Performace Solutions.
Conheça a Risk University Executive: https://kbs.kpmg.com.br/risk-university-executive/p
Leia a matéria no Valor Econômico: https://kpmg-auditores-independentes.rds.land/novo-kpmg-business-school-materia-valor